ITBI descomplicado: o que é, como calcular, isenções e como pagar
ITBI descomplicado: o que é, cálculo, isenções e pagamento

Por: Fernando M Martins
Leitura de 7 min

ITBI descomplicado: o que é, como calcular, isenções e como pagar
Ao comprar um imóvel, um dos custos que mais pesam no orçamento é o ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis). Apesar de obrigatório e municipal, ele ainda gera dúvidas: quando é cobrado, qual base de cálculo, como calcular e quem tem direito a isenção. Este guia reúne, de forma clara e prática, tudo o que você precisa saber para planejar a compra e evitar pagar além do necessário.
Resumo rápido: o ITBI é cobrado pela prefeitura na transferência da propriedade de um imóvel urbano. A alíquota varia por cidade (em geral entre 2% e 3,5%), a base de cálculo costuma ser o valor da transação, e o pagamento normalmente é exigido antes do registro no cartório.
O que é ITBI e quando ele é devido
O ITBI é um imposto municipal que incide sobre a transmissão onerosa da propriedade de bens imóveis entre vivos. Em termos práticos, ele é devido quando você compra um imóvel, participa de uma cessão de direitos aquisitivos (como a cessão de um contrato de compra na planta) ou arremata um bem em leilão.
- É municipal: cada prefeitura define regras, alíquotas, prazos e procedimentos.
- Difere de outros tributos: não confunda com IPTU (imposto anual de propriedade) nem com ITCMD (doações e heranças).
- Exigibilidade: o ITBI torna-se exigível quando ocorre a transferência da propriedade, que se concretiza com o registro do título no Cartório de Registro de Imóveis. Na prática, as prefeituras pedem que você pague antes para liberar o registro.
Base de cálculo do ITBI: o que entra na conta
A base de cálculo do ITBI é, em regra, o valor da transação (o preço efetivamente negociado entre comprador e vendedor). Muitas cidades utilizam ou divulgam um valor venal de referência para balizar a cobrança. Decisões judiciais relevantes têm reforçado que o valor da transação deve prevalecer, salvo indícios de subfaturamento que justifiquem um arbitramento formal pela prefeitura, com direito à defesa do contribuinte.
Dica prática: se a guia vier baseada em um valor superior ao efetivamente negociado, verifique na prefeitura como solicitar revisão, apresentando documentos que comprovem o preço (contrato, propostas, laudo, etc.).
Exemplo simples de cálculo
Suponha um imóvel de R$ 500.000, com alíquota municipal de 3%.
- Base de cálculo: R$ 500.000
- Alíquota: 3%
- ITBI devido: R$ 15.000
Se o município adota uma alíquota progressiva por faixas, o valor pode ser diferente. Em cidades com benefícios para habitação popular, o montante também pode cair (veja a seção de isenções).
Imóvel financiado: incide sobre o total?
Na maior parte dos municípios, o ITBI incide sobre o valor total do imóvel, independentemente da parte financiada. Algumas prefeituras têm regras específicas para financiamentos com alienação fiduciária, mas isso varia. Consulte o regulamento local e o seu banco para alinhar prazos e documentos. No contrato, as partes podem combinar quem paga o imposto, porém, perante a prefeitura, o contribuinte normalmente é o comprador.
Alíquotas do ITBI: quanto custa por cidade
A alíquota é definida por cada município. Em grande parte das capitais brasileiras, o percentual gira em torno de 3%. Há cidades com alíquotas entre 2% e 3,5%, e algumas adotam faixas progressivas conforme o valor do imóvel.
- Padrão comum: 3% (ex.: capitais como São Paulo e Rio de Janeiro têm tradição de usar essa alíquota).
- Variações: algumas cidades cobram menos de 3%, outras um pouco mais; verifique sempre o site oficial da sua prefeitura.
- Progressividade: é possível haver alíquotas maiores para faixas superiores de preço.
Como confirmar a alíquota: busque por “ITBI + nome da sua cidade” no site da prefeitura, no portal da Secretaria de Finanças ou de Tributos. Lá você encontra a alíquota vigente, regras de isenção e o simulador oficial.
Isenções, imunidades e reduções: quem pode pagar menos
Além de não incidir em situações específicas previstas na Constituição, alguns municípios oferecem isenções ou descontos. Veja as hipóteses mais comuns:
Casos de não incidência (imunidade constitucional)
- Integralização de capital: quando um imóvel é transferido para integralizar capital de uma empresa (pessoa jurídica), e a atividade preponderante do adquirente não é compra e venda/locação de imóveis.
- Fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, nas mesmas condições de atividade preponderante acima.
Isenções e reduções municipais (exemplos frequentes)
- Primeiro imóvel residencial do comprador, até um teto de valor definido pela cidade.
- Moradias enquadradas em programas habitacionais (ex.: faixas do Minha Casa, Minha Vida), muitas vezes com desconto ou isenção total.
- Imóveis de interesse social ou em áreas de requalificação urbana.
- Transmissões em que o valor é inferior ao limite mínimo previsto na legislação local.
Passo para aproveitar isenção: confirme critérios, junte documentos (declaração de primeiro imóvel, faixas de renda, enquadramento no programa, etc.) e requeira formalmente na prefeitura antes de pagar a guia.
Quando e como pagar o ITBI
O momento do pagamento costuma vir antes do registro no Cartório de Registro de Imóveis, pois a guia quitada é exigida para concluir a transferência. O passo a passo mais comum é:
- Simulação na prefeitura: informe dados do imóvel, valor da transação e partes envolvidas.
- Envio de documentos: contrato, CPF/CNPJ, matrícula, certidões e eventuais comprovantes para isenção.
- Emissão da guia (DAM/GRM/GUIA ITBI): a prefeitura calcula e disponibiliza o boleto.
- Pagamento: geralmente em bancos conveniados, lotéricas ou via internet banking.
- Protocolo no cartório: apresente a guia paga com a escritura/contrato para registrar a transferência.
Prazos: muitas cidades dão 30 dias para pagamento após a emissão da guia, com possibilidade de multa e juros em caso de atraso. Se houver financiamento, alinhe o cronograma do banco para que a guia não vença antes da assinatura/registro.
Documentos que costumam ser exigidos
- Contrato de compra e venda ou escritura pública.
- RG e CPF do comprador e vendedor (ou documentos da empresa).
- Matrícula atualizada do imóvel.
- Comprovantes para isenções ou descontos, quando houver.
- Dados do financiamento, se aplicável.
Como calcular o ITBI na prática
Você pode estimar o ITBI em poucos passos. O cálculo exato depende das regras do município, mas o roteiro abaixo funciona como referência:
- Identifique a base: normalmente o valor da transação. Se a prefeitura usar um valor de referência maior, verifique a possibilidade de revisão.
- Confirme a alíquota: procure a alíquota vigente no site da prefeitura (padrão comum: 3%).
- Verifique faixas e benefícios: há progressividade? Existe isenção para primeiro imóvel, habitação popular ou programas habitacionais?
- Aplique a fórmula: ITBI = base de cálculo × alíquota (considerando eventuais reduções).
- Preveja custos adicionais: escritura e registro no cartório costumam somar de 1% a 2% do valor do imóvel, além do ITBI.
Exemplos práticos
Exemplo 1 — Compra à vista
- Valor do imóvel: R$ 400.000
- Alíquota: 3%
- ITBI: R$ 12.000
Exemplo 2 — Financiado
- Valor do imóvel: R$ 600.000 (R$ 120.000 de entrada + R$ 480.000 financiados)
- Alíquota: 3%
- Regra comum: ITBI sobre o valor total — R$ 18.000.
- Observação: se a sua cidade tiver regra distinta para alienação fiduciária, o valor pode variar.
Exemplo 3 — Habitação popular com redução
- Valor do imóvel: R$ 220.000
- Alíquota padrão: 3% (R$ 6.600)
- Redução municipal para programa habitacional: 50%
- ITBI após benefício: R$ 3.300
Dicas para economizar e evitar problemas
- Simule antes de assinar: consulte o simulador da prefeitura para estimar o ITBI e ajustar o orçamento da compra.
- Cheque isenções: primeiro imóvel, programas de habitação e imóveis populares podem ter descontos.
- Valor de referência: se a guia vier com base maior do que o preço negociado, peça revisão. Junte documentos (contrato, recibos, laudos).
- Planeje prazos: sincronize assinatura, financiamento, emissão e pagamento da guia para evitar multa.
- Declare o valor real: subfaturar a operação pode gerar autuações e dificultar o financiamento.
- Organize os documentos: cartório e prefeitura exigem certidões e comprovantes. Ter tudo em mãos agiliza o registro.
- Considere custos totais: some ITBI + escritura + registro. Em muitos casos, o pacote fica entre 3% e 5% do valor do imóvel.
ITBI, escritura e registro: a ordem dos passos
- Negociação e assinatura do contrato (ou emissão da minuta de escritura).
- Simulação e emissão da guia do ITBI na prefeitura.
- Pagamento do ITBI dentro do prazo.
- Escritura pública em cartório de notas (ou instrumento particular com força de escritura, nos casos permitidos por lei).
- Registro da transferência no Cartório de Registro de Imóveis, apresentando a guia do ITBI quitada.
O registro é o ato que transfere a propriedade ao comprador. Sem ele, a compra não se consolida perante terceiros.
Erros comuns que encarecem a operação
- Deixar a guia vencer: acarreta multa e juros e pode atrasar o registro e a liberação do financiamento.
- Não checar isenções: benefícios locais podem reduzir o imposto, especialmente em habitação popular.
- Subestimar o custo total: somar ITBI com custas de cartório evita surpresas no dia da assinatura.
- Desalinhamento com o banco: sem a guia paga, o registro atrasa e a liberação do crédito também.
Perguntas rápidas sobre ITBI
Quem paga o ITBI?
Em regra, o comprador. As partes podem acordar algo diferente no contrato, mas, para a prefeitura, o contribuinte costuma ser o adquirente.
Quando o ITBI é exigível?
Quando ocorre a transferência do domínio, que se concretiza com o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Na prática, a guia é paga antes para viabilizar o registro.
A prefeitura pode usar um valor de referência maior que o preço?
Ela pode indicar valores de referência, mas o valor da transação é o parâmetro principal. Havendo divergência, o contribuinte pode contestar e apresentar provas.
ITBI incide em doação ou herança?
Não. Nesses casos, o tributo é o ITCMD (estadual). O ITBI incide em compras e transmissões onerosas entre vivos.
Preciso de escritura pública sempre?
Para imóveis acima de um determinado valor, a escritura pública é a regra. Há exceções legais (ex.: financiamentos habitacionais com instrumentos particulares). Confirme com o cartório.
Checklist rápido antes de pagar o ITBI
- Confirme a alíquota e as regras da sua prefeitura.
- Revise a base de cálculo e guarde comprovantes do valor da transação.
- Verifique isenções e reduções aplicáveis.
- Alinhe prazos com o cartório e o banco.
- Baixe e pague a guia oficial dentro do prazo.
- Separe os documentos para o registro do imóvel.
Nota: por ser um imposto municipal, detalhes mudam de cidade para cidade. Use este guia como referência e sempre confirme as regras locais no site da sua prefeitura.
Conclusão
O ITBI é um custo previsível da compra de imóveis — e, com informação, dá para planejar, aproveitar benefícios e evitar cobranças indevidas. Antes de fechar negócio, simule valores, confira isenções e alinhe o cronograma com cartório e banco. Quer dar o próximo passo? Acesse o site da sua prefeitura, faça a simulação oficial e avance com segurança rumo ao registro do seu novo imóvel.
Larvista